sexta-feira

Tolices

Querido,
I used to care but - things have changed.
No vai e vem das horas, eu me encontro de novo sentada aqui, frente a esta máquina de escrever, falando bobagens para encontrar você. Mas por hoje, só por hoje, eu gostaria de falar de mim, será que ainda posso?
Mexo e remexo nos meus cabelos, penso e repenso nas decisões, mas quais decisões? O ano começa hoje, não há decisões a serem pensadas. Para que se preocupar? Você me diria hoje, com uma voz quase calma, quase nervosa, quase. Sempre quase. E eu aqui, ainda parada. Não sei por onde começar. Quase dormindo. E você neste ano ainda finge que me escuta, eu não finjo mais. Acho que conforme o tempo passa - e nos engole, eu diria - a gente muda, a gente para tanto de se importar, ou de fingir que se importa. Eu não me importo com mais nada, nem com você, nem comigo, nem com a árvore que, na praça logo em frente, suspeita cair. Que caia, não é? Que esmague todos, que comecem tudo de novo.
Começar de novo me assusta tanto, por Deus, como me assusta. Eu estou tão confusa hoje. Quero e não quero falar de você, quero e não quero te manter a par da situação, quero e não quero que o dia de hoje acabe e que amanhã chegue. Amanhã, amanhã meu irmão faz aniversário, se lembra? Eu sempre te perguntando sobre essas suas lembranças, mas é que lembrança é uma coisa que me importa tanto... o que te importa?
Esse gosto de nada, esse amargo de nada. Amargo, salgado, doce, já não sei. Tudo confuso, tudo roda. Ontem os fogos de artifício foram lindos, dizem, mas eu mesma não os vi. Tentei, em vão, fotografá-los, mas era como se fugissem de mim. Mais um ano se acabou e eu nem ao menos sei o que aprendi. Quero aprender. Como naquela música que diz lentamente quero viver quero ouvir quero ver. E vou navegar, mais uma vez, por esse mar remoto, e você, mais uma vez, não vai me acompanhar, mas quem não quer, desta vez, sou eu!
Um grande abraço, daquela que não é mais sua.
Da minha,
Maria.

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