quarta-feira

Pianos, chás, imortais

Abri o livro:
"Devoro um chocolate. A garganta arde um pouco. O coração arde um pouco. Escrevi "felicidade" em letras grandes no teto do meu quarto, da minha vida, nas paredes, nos pedaços ocultos. A felicidade me invadiu, me tomou, sentou na minha mão. Acho até que veio morar comigo. Nem bater nas portas, bateu. Felicidade não é o oposto de tristeza não, jovem. Felicidade e tristeza andam assim, oh: juntinhas. De mãos dadas. A tristeza anda um pouquinho mais atrás, mas a felicidade a puxa. Andam as duas, de um lado pulando, d'outro com a cabeça um pouco baixa. Certo, você está certo, muita gente não vai concordar comigo, mas de que importa? Hoje mesmo discordaram e eu chorei um pouquinho, só um pouquinho. Não por terem discordado de mim, mas por não terem me deixado falar. Eu quero falar, por favor, deixa só um pouquinho? Eu não peço muito não, senhor. Só quero é contar para você e para o mundo que hoje eu escrevi felicidade nas paredes do quarto enquanto comia um chocolate. E que eu só escrevi porque ela gritava em mim mais forte que a tristeza, naquela hora. Mas depois a tristeza veio gritando e me mandando "abaixar a guarda" que aqui eu não tinha com quem comemorar a felicidade. Eu fiquei quietinha e tristinha. Quer saber, estou é bem agora. E sabe, tudo porque uma luz - que não era a do fim do túnel, até porque os caminhos são abertos, túneis me agonizam - me iluminou. Sempre ilumina. Eu caminho também, de mãos dadas com a felicidade e com a tristeza. Ando pelos caminhos que eu quero andar, elas vão comigo. Não vou sozinha não, não ando sozinha. Cazuza um dia disse, e eu repito: agora eu ando muito bem acompanhado."
Fechei o livro.

PS: foi tudo para dizer que, caramba, segunda-feira eu conhecerei a Academia Brasileira de Letras. Os sonhos se realizam, enfim.

segunda-feira

Telhado

Querido, muito,
Há tempos não escrevo.Há tempos não sento aqui na frente desta máquina de escrever para te contar. As cartas não chegam, os telefonemas nem existem. É a correria, querido, é a correria. O tempo corre, escorre pelas mãos, o tempo voa longe. O tempo nem existe. Acho que tenho sono. Acho - ou melhor, tenho certeza - que sinto saudades. De você, de todos, da minha vida. Sinto falta de mim, estranho não é?! Pode parecer até ruim, mas eu ando me sentindo muito feliz. Muito feliz, ao pé da letra. Com tudo o que ser feliz implica, te digo: estou! As pessoas fazem votos de fidelidade o tempo todo, e eu?! Eu paro e observo Saturno e todos os seus anéis. Sabe, vi Saturno e me lembrei de você, dos nossos dias. Gosto de pensar, de me lembrar de você. Sinto um amor tão imenso, uma saudade tão forte. Conto de você aqui, falo, não invento, mas parece invenção. Eu nunca fantasio quando falo de você. Se conto de momentos felizes, me sinto super feliz. Se conto de momentos tristes falo mesmo mal de você, sujo o seu nome, em nome do nosso amor. Eu te amo tanto, tanto... é melancólico, piegas. Mas chega um pouco para lá que esse espaço no coração dói um pouco. É uma ferida recente, demora a cicatrizar, nada de instantâneo. Nem mesmo macarrão. Macarrão este que para e me encara frente a frente, não tenho água quente, o que eu faço? O horário do jantar passou, os horários sempre passam. As horas passam e, veja, estou já tem mais de meia hora te escrevendo. Minhas mãos doem, acho que é melhor parar por aqui. Parece que vai chover... gosto de chuvas, as lembranças me ocorrem e passam a mil pela minha cabeça, enfim... repito baixinho o que passou calou, o que virá dirá e o passado se cala. E o futuro se abre, talvez, rápido demais frente à retina.
Com carinho, afeto e saudade (em conta-gotas, para doer menos),
Sua.

quarta-feira

Que seja doce...

Saudade. Aprendizado. Primeiro mês. Saudade. + saudade. + aprendizado. + correria. Provas. Testes. Recuperações...