segunda-feira

Telhado

Querido, muito,
Há tempos não escrevo.Há tempos não sento aqui na frente desta máquina de escrever para te contar. As cartas não chegam, os telefonemas nem existem. É a correria, querido, é a correria. O tempo corre, escorre pelas mãos, o tempo voa longe. O tempo nem existe. Acho que tenho sono. Acho - ou melhor, tenho certeza - que sinto saudades. De você, de todos, da minha vida. Sinto falta de mim, estranho não é?! Pode parecer até ruim, mas eu ando me sentindo muito feliz. Muito feliz, ao pé da letra. Com tudo o que ser feliz implica, te digo: estou! As pessoas fazem votos de fidelidade o tempo todo, e eu?! Eu paro e observo Saturno e todos os seus anéis. Sabe, vi Saturno e me lembrei de você, dos nossos dias. Gosto de pensar, de me lembrar de você. Sinto um amor tão imenso, uma saudade tão forte. Conto de você aqui, falo, não invento, mas parece invenção. Eu nunca fantasio quando falo de você. Se conto de momentos felizes, me sinto super feliz. Se conto de momentos tristes falo mesmo mal de você, sujo o seu nome, em nome do nosso amor. Eu te amo tanto, tanto... é melancólico, piegas. Mas chega um pouco para lá que esse espaço no coração dói um pouco. É uma ferida recente, demora a cicatrizar, nada de instantâneo. Nem mesmo macarrão. Macarrão este que para e me encara frente a frente, não tenho água quente, o que eu faço? O horário do jantar passou, os horários sempre passam. As horas passam e, veja, estou já tem mais de meia hora te escrevendo. Minhas mãos doem, acho que é melhor parar por aqui. Parece que vai chover... gosto de chuvas, as lembranças me ocorrem e passam a mil pela minha cabeça, enfim... repito baixinho o que passou calou, o que virá dirá e o passado se cala. E o futuro se abre, talvez, rápido demais frente à retina.
Com carinho, afeto e saudade (em conta-gotas, para doer menos),
Sua.

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