terça-feira

Crime perfeito.

Era um vez...
Não, não era uma vez, ainda é. O coração ainda acelera e eu ainda não consigo falar de nada que não seja amor. Amor saindo pelos poros e disparando corações já tão cansados e velhos e abatidos. Eu poderia correr para sempre e para tão longe quanto nem você e nem eu pudéssemos me ver. Mas não é permitido. Tenho que ficar aqui e sentir dia após dia a casca da ferida sendo tirada na unha, ferindo sem anestesia, sangrando, morrendo. E depois, mais uma vez, você surge e me embala num abraço. Morde para depois soprar, sua tática infalível. Infalível porque você já sabe que eu sempre te aceito, que eu sempre te permito, que não consigo vencer essa batalha diária contra mim mesma e todo esse baralho de sentimentos aqui dentro. Bem aqui, olha. Aqui do lado esquerdo do corpo, no ponto máximo, no grande senhor soberano que bombeia o sangue e, assim, permite a vida. Aqui no coração. Ainda velho cansado e velho e abatido e sempre a mercê dos seus crimes perfeitos.

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