quinta-feira

Vento de estrelas

Querido,
Decidi não correr, não me mover e assim não cansar, e assim não chorar, e assim não me ferir. Estou sentada na primeira fila, assistindo todos os teatros que a vida me permite, para após aplaudir e novamente me sentar... um novo teatro há de começar. Onde eu quero chegar com essa história de teatros? Em lugar nenhum, eu só não quero, por hoje, escrever sobre o amor. Hoje eu decido falar que sigo o caminho que a vida me mostrar, eu só quero seguir. Hoje quero dizer que aprendi e adoro estar sozinha, e que solidão não é, de forma alguma, estar sozinha. Desprezo a solidão, mas decidi que posso voar sozinha e que grandes são minhas asas, não preciso que ninguém me mostre a rota de vôo. Eu estou feliz assim, aqui. Olhei lá para fora agora, o céu tão azul e nuvens tão baunilhas, como uma fotografia. Não há sentido, mas é tão imenso sem que alguém precise dizer que ele é azul por tal motivo, ou baunilha por outro motivo. Motivos são tão pequenos, e tudo é tão imenso. Imensidão. A gente olha, pare e pensa que o mundo é só aquele que a gente vê, de manhã, quando acorda, pela janela. Eu não sei o tamanho da circunferência terrestre, mas ela é do tamanho dos meus sonhos, ou maior, para poder dar espaço a todos eles. Tão grande que eu poderia hoje, num surto, atravessá-la correndo, do norte ao norte, e correndo encontrar todas as pessoas perdidas por aí, espalhadas por aí. E depois contar histórias, como Forrest Gump. O vento muda tudo, não é? Ventou, mudei. Mais uma carta endereçada a você... já deve estar se cansando não é? Mas eu preciso me aliviar de todos esses problemas, essa falta de tempo que quase me faz ter vontade de comprar mais um relógio e pedir mais tempo ao tempo para ter tempo de pensar, e para me aliviar preciso inventar e te escrever... ou será que te invento também? Não sei, sempre parte invenção, parte real, parte nada. Anota tudo isso, daqui a pouco venta e tudo torna a mudar. Não acredite mais em bolas de cristal, cartomantes, trace os pontos cartesianos de norte a sul e atravesse o mundo assim como eu. Esse mundo é tão azul e tão vasto... dá paz, não é?! É tão bom passar um dia sem falar de amor, de dor... é bom falar assim, só de paz. Em suma, é isto. Os dias são bons, faz muito calor por aqui e a meteorologia disse que o tempo dá tempo de sol para que possamos repousar sobre os verdes campos, aproveite! Meu mais doce abraço.
Da sempre sua,
Maria.

Um comentário:

Paola Vitali disse...

Eu me surpreendo com você, a cada dia. Acredito que essa prosa foi uma das melhores que já li sua.

Parabéns, por viver. Eu realmente fico feliz por isso!