sábado

Memórias, crônicas e declarações de amor

Théo,
Antes eu só escrevia sobre o amor. Hoje em dia estou ainda mais chata, acredita? Misturei no amor a saudade e agora estou assim: chata. Só escrevo sobre amor. Só escrevo sobre essa saudade que transborda. O disco riscou. Criar não tenho criado quase nada. Textos não tem saído da primeira linha. Começo, apago. A borracha está quase acabando. Pois é. É que são tantas memórias... elas consomem a gente de vez enquando, vê? Mas nem é tanto quanto antes. Antes que eu digo são uns dias atrás, os dias que eu chorava mesmo. Hoje não choro mais não. Suspiro fundo, mas não choro. Preciso acostumar, os caminhos são esses agora.
Eu queria acreditar, Théo, eu só queria acreditar. Acreditar que você, quem sabe, me esperaria algum dia. Naquela mesma estação, Théo. Onde meu ônibus desembarcou durante todos esses anos de idas e vindas. Eu não mudei em nada não. Só adicionei saudade. Só adicionei uma vontade ainda maior de te abraçar. Mas eu tenho medo. Temo por te sufocar com meu abraço. Temo por te suforcar com meu excesso de amor, como tantas vezes o fiz. Eu te escrevi tanto durante o tempo que estive aí, entretanto você de nada soube, você nenhuma linha leu. Encher-te de palavras boas e sentimentos bons só faria por te sufocar. Minhas palavras mexem no fundo da sua alma e te faz ver que ela existe. Só pude te mostrar tudo o que escrevi um dia antes de partir. Nem sei se você leu e nem sei se me interessa muito. Talvez até não, sabe. E acho até que nem quero que você me espere. Querer não ia te fazer esperar. Não querer me faz sofrer menos. Talvez nem sofra nada, sabe? Sofrer parece que deixa as coisas mais bonitas quando escritas, você não acha? Acho que eu também não acho.
E essa carta termina sem fim,
Patrícia.

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