domingo

Suburbano coração

Precisava conversar... pegaria o telefone e ligaria para qualquer pessoa para contar o que se passa. Mas eu ao menos sei o que se passa, eu não sei para quem ligar. O fardo ficou pesado demais e ontem conclui (concluimos, bem sei) que é impossível pular fora "é o limite, não dá mais para desistir". Na verdade, ontem foi um dia de conclusões que hoje me pesam, fico nervosa e choro. Quase sempre o nervosismo é acompanhado de choro ou medo do que acontecerá amanhã. Os capítulos da vida se encerram e dá medo do próximo, medo de não conseguir virar numa dessas esquinas que a vida tem. Hoje não sei se seguir em frente, sem curvas, é de fato a melhor solução. Ontem peguei apressada uma estrada curvilínea, e enquanto meu estômago teimava em se embrulhar, eu me forçava a não pensar nas conclusões. Um céu, um sol, água, amigos, conclusões, nervosismo, choro. Ciclo. Estranho perceber que, por mais especial que as pessoas dizem que você é, não te torna importante. Pessoas "especiais" estão cada vez mais sozinhas, procurando simplicidade na confusão, ordem. Pessoas "racionais" servem basicamente para cálculos matemáticos. Tudo bem, tudo bem, esta não é a regra, até porque tenho muitas amigas e amigos especiais que se encontraram em algum caminho. Talvez seja sina e eu sempre arrumo um jeito de generalizar para não me sentir ainda mais sozinha, como quando ligo a tv para dormir sem o medo de escutar barulhos na rua. Invenção. Um dia li algo de Caio Fernando que dizia: "Inventar é uma das melhores coisas da vida" e é. Inventar é fabuloso. Viver na invenção não, mas inventar uma coisa ou outra para fazer o medo dormir é fantástico. Vou procurar hoje no céu uma estrela cadente e fazer um pedido. Qualquer pedido...

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