segunda-feira

". . . e eu concluo que, de alguma forma, nossa ligação mental? espiritual? psicológica? continua sempre muito forte."

De início digo que isto já estava escrito, mas resolvi mudar tudo, começar do zero. Hoje, sete de Setembro, feriado nacional. Neste mesmo dia, há dois anos atrás, eu te notava de forma imensa e, é claro, de um grande amor.
Sempre que penso no que escrever nesta "carta" de dois anos, me lembro da carta de um ano em que seguia uma pergunta mais ou menos assim: "Onde estaremos ano que vem? Como estaremos no outro ano?". Aqui estamos nós. Eu, com os mesmos problemas de sempre, você, com os mesmos problemas de sempre, é inegável, ainda somos os mesmos. Bêbados de nostalgia, chorando o leite derramado e negando tudo para tentar dar dois passos para frente e um para trás. Sempre assim, dois anos sendo assim, quem sabe a vida inteira? Eu não posso e nem quero prever o que será daqui pra frente, mas não custa pensar um pouquinho sobre.
Estranho comemorar assim os dias 14, lembrar, ainda que nos dias mais quietinhos, de como poderia ser e não foi. Estranho, já que as outras datas são irrelevantes. O mês de setembro, sempre com aquele ar de primavera, aquele ar de "está chegando, meu Deus, está chegando", aqueles comentários "se estivessemos juntos, completaríamos 2 anos", estranho, mas não me poupo desses comentários desde que setembro começou.
"Nós temos uma foto aqui" penso, ainda que com poucos momentos registrados pelas máquinas fotográficas. Sabe, para mim isso nunca importou, nunca me importou os álbuns de fotografia. Me importava o vinil com o teu nome na porta do meu quarto, me importava o que eu pensava sobre nós, ninguém precisava de provas sobre o que era explícito, ninguém precisa.
Sabe que pensar no nosso amor me traz os 5 sentidos à tona? A começar pelo olfato, cada cheirinho de perfume pelo ar, a audição perdida entre trechos de músicas que me lembravam e lembram você, paladar tão doce de bombons após a aula, tato para descrever situações, visão clara do horizonte que traçamos juntos. Todos juntos, num coquetel de nostalgia. Nós escrevemos um belo livro, com um romance que despertaria inveja até nos mestres, como Caio Fernando Abreu ou Lispector. Um romance tão belo que, para quem conto, não acredita ser real. E foi real? Para nós foi. "pois queríamos ser épicos heróicos românticos descabelados suicidas, porque era duro lá fora fingir que éramos pessoas como as outras" Nós não éramos como os outros, éramos diferentes, éramos clássicos, mágicos. Dançávamos na rua sem nos importar com a opinião ou com a reprovação. E quando penso em nós, sempre penso também nesta sensação de dançar na rua, pisando em astros distraídos.
É bom saber que, ainda com os anos passando, continuamos presentes na vida um do outro, é bom saber que tem você, seja lá onde você estiver... De uma mesma proporção é bom ver você sabendo do que acontece comigo, ainda que eu não te conte. É bom não ve indiferença, é bom... é bom...
Suas cartas estão guardadas, o sentimento também, todo o afeto, a amizade, a cumplicidade. Minhas cartas são a grande herança que te deixarei. Feliz dois anos, que coisa mais entranha de ser dizer, o que me arranca alguns risinhos sempre que penso em dizer.
Fico feliz em te ver feliz, e te ver com alguém que pode te fazer o bem que não fiz. Escreve os teus capitulos do livro, fico feliz em ler sempre, está história ainda é nossa. E por mais que apareçam alguns personagens novos, esta história leva o nosso nome e a nossa assinatura. Fique bem, trate de ficar sempre feliz e com o melhor sorriso estampado neste rosto! Um grande abraço, Maria.

"E nossa história não estará pelo avesso assim, sem final feliz. Teremos coisas bonitas para contar. E até lá, vamos viver,temos muito ainda por fazer. Não olhe para trás
- Apenas começamos.
O mundo começa agora
- Apenas começamos."


"Olha, eu sei que o barco está furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também...
Quem diria que viver ia dar nisso?"
Nossos infinitos barcos, e uma garrafa de vinho pela metade.

Um comentário:

Pedrinho disse...

Ligação:

A ligação está na espectativa que criamos em querer ter vivido algo? Ou apenas está na lembrança de termos realmente vivido?

Acho que é a união das duas vertentes. O que fazer?! Unir as duas. Criando espectativas do que realmente pode ser vivido. Assim a ligação pode ser eterna.

Carol, sensacional seu texto, muito bom mesmo. Parabéns!

Beijão.