sábado

Florescer

Eu deveria começar a escrever, mas me levantei e fui lá fora olhar a chuva. Hoje é tudo tão paz, tudo mais paz. Nessas semanas corridas, nesses dias corridos, nessas horas corridas, o tempo consome tanto e ninguém mais tem tempo para ninguém. É bom saber que você tem tempo para mim, eu tenho muito tempo para você, para te ouvir entre uma xícara de café e outra, entre um desabafo e outro, entre uma carta e outra, entre um abraço e outro. Eu tenho recebido doses nada homeopáticas de açúcar, dia após dia, doce, doce, doce, que seja doce e é, você faz isso, lança colheradas de açúcar em meu café amargo, me cura da amargura. Está chovendo mais forte agora, mas ainda tem uma paz tão boa aqui dentro. Dentro das nossas diferenças eu encontro cada vez mais semelhança, é tudo cada vez mais próximo, tudo tão parecido. Exagerado, cheio, inflado de intensidade, mas nem por isso ruim, é só o mundo que julga ruim o exagero, mas nós pulamos para o outro lado do muro do mundo há tempos. A distância já existiu mas eu não vou te perguntar porque voltou, talvez nem você mesmo saiba, mas foi bom que tenha voltado, embora eu acredite que não se possa voltar de onde não se saiu, você continuou, com todo o tempo que passou. Um sorriso verde, um nariz de palhaço e uma porta de entrada para o céu. Um pedido para que continues escrevendo grandes páginas na minha pequena história, para sempre, e peço baixinho, mas você escuta ou entende ou não sei, é algo como comunicação t-e-l-e-p-á-t-i-c-a, não se diz mas se entende, você pode me entender agora? Claro, sempre. Claridade, luz. Eu olho bem firme para a luz e fecho os olhos, incrível como sinto ainda uma luz tão forte por dentro, invadindo tudo, derrubando tudo. Mas viver é constantemente construir, não derrubar. Primavera, com flores de outono, cores, amores, cartas de amores, litros de amores, doses de amores, embriagar-se de amores. Queria te agradecer por iluminar minha vida e por, num deserto de almas desertas me escolher e me AMADRINHAR, madrinha também quer dizer protetora, acabo de encontrar isso no dicionário. Obrigada por me proteger com teu par de asas azuis, que não são de papelão. E ainda dizem que natural é as pessoas se encontrarem e se perderem... algumas pessoas se encontram e nunca se perdem, esse é o nosso caso.

Um comentário:

Paola Vitali disse...

O meu é amor é inflado de intensidade. Por você.